quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cidade dinâmica: da indústria ao condomínio residencial

A cidade é dinâmica. Uma amostra disso é a frenética mudança da paisagem. A todo tempo presenciamos abertura de uma nova via, a demolição de uma velha casa, a construção de um edifício. Umas mudanças são rápidas, como a construção de um condomínio por uma grande incorporadora, outras são lentas, como uma casa auto-construída nos bairros populares que pode demorar anos e anos.
A constante reconstrução do espaço urbano é facilmente observada na paisagem, embora muitas vezes não demos conta disso. No entanto, cada mudança na cidade nos revela significados que vão além da paisagem. Além das formas, é revelado o conteúdo atual da cidade.
O Serra é um bom lugar para verificarmos isso. Como todos sabem, a cidade vive há alguns anos um intenso crescimento econômico e imobiliário. “Pipocam” para todos os lados, novos condomínios residenciais e centros comerciais. Muitos empreendimentos são erguidos em vazios urbanos e outros em lugar de armazéns e antigas fábricas.
Um caso notório dessa mudança de conteúdo da cidade da Serra é a construção de um novo condomínio no lugar da antiga Atlantic Venner do Brasil. Essa indústria surgiu no final dos anos 1960 e por várias décadas foi uma das principais fábricas de derivados de madeira do Brasil. Em seu auge, chegou a ter a quase 5 mil habitantes e estimulou diretamente a criação e ocupação de bairros vizinhos a planta industrial. A empresa faliu no final da década de 1990. Ela representou a dinâmica clássica da cidade industrial, inclusive contava com uma vila operária, o atual bairro de Chico City.
Há alguns meses toda sua estrutura vem sendo desmontada. Seus enormes galpões foram abaixo. O último “símbolo” a ir abaixo foi uma das extensas paredes de um dos maiores galpões da empresa. Em seu lugar está sendo erguido a nova sede uma faculdade e, na maior parte, será construído mais um grande condomínio pela MRV Engenharia no município.















Figura 1 – Trator destruindo o que resta da Atlântic Venner.

A grandiosidade da fábrica cederá espaço para a grandiosidade do condomínio fechado. Se antes era a fábrica que explorava a força de trabalho de milhares de pessoas, agora emerge o proletário da construção civil. Se antes, a extensa periferia revelava a metrópole industrial, hoje os enclaves mostram a metrópole fragmentada, resultado de novas formas de se ganhar dinheiro com a cidade, como é o caso do mercado imobiliário que se expande espacialmente na Grande Vitória. Antes, como hoje, a cidade se mostra excludente, porém com novos contornos. 

Thalismar Gonçalves
Professor de Geografia da rede estadual de Ensino 
AGB - Seção Vitória

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Censo 2010: 11,4 milhões de brasileiros (6,0%) vivem em aglomerados subnormais

Em 2010, o país possuía 6.329 aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros)em 323 dos 5.565 municípios brasileiros. Eles concentravam 6,0% da população brasileira (11.425.644 pessoas), distribuídos em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6% do total). Vinte regiões metropolitanas concentravam 88,6% desses domicílios, e quase metade (49,8%) dos domicílios de aglomerados estavam na Região Sudeste.
Os aglomerados subnormais frequentemente ocupam áreas menos propícias à urbanização, como encostas íngremes no Rio de Janeiro, áreas de praia em Fortaleza, vales profundos em Maceió (localmente conhecidos como grotas), baixadas permanentemente inundadas em Macapá, manguezais em Cubatão, igarapés e encostas em Manaus.
Nos aglomerados, 67,3% dos domicílios tinham rede de coleta de esgoto ou fossa séptica; 72,5% recebiam energia elétrica com medidor exclusivo; 88,3% eram abastecidos por rede de água; e 95,4% tinham o lixo coletado diretamente ou por caçamba.
Esses e outros dados podem ser encontrados na publicação Aglomerados Subnormais – Primeiros Resultados, que tem como objetivo mostrar quantas pessoas vivem e quantos domicílios existem nessas áreas, os serviços públicos existentes e algumas de suas características socioeconômicas (composição da população por sexo e idade; cor ou raça; analfabetismo e rendimento).
Para saber com mais detalhes sobre como o IBGE define o que são aglomerados subnormais e de que forma foi realizada a investigação sobre essas áreas no Censo Demográfico 2010, leia a notícia “Censo 2010 aprimorou a identificação dos aglomerados subnormais”: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2051
A publicação completa sobre aglomerados subnormais está disponível na página http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/aglomerados_subnormais/default_aglomerados_subnormais.shtm. Além de tabelas com as informações para cada um dos aglomerados, há arquivos com seus limites em formato shape file (SHP) e KMZ (compatível com o Google Earth).
Quase metade (49,8%) dos domicílios de aglomerados eram da Região Sudeste
A Região Sudeste concentrava 49,8% dos 3,2 milhões de domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais (23,2% em São Paulo e 19,1% no Rio de Janeiro). Os estados do Nordeste tinham 28,7% do total (9,4% na Bahia e 7,9% em Pernambuco). A Região Norte possuía 14,4% (10,1% no Pará). A ocorrência era menor nas regiões Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%):

Mais informações:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2057&id_pagina=1