domingo, 23 de outubro de 2011

Mais uma estratégia da cidade competitiva ...Arena Esportiva e Cultural: Serra

Na semana passada foi anunciada a construção de uma Arena Esportiva e Cultural, em Jacaraípe, Serra. Esse grande empreendimento será financiado por recursos federais, estaduais e do município. A justificativa, mais uma vez, é que essa Arena, com padrão "internacional", poderá colocar o município da Serra na rota de eventos esportivos nacionais e internacionais. Em função desse contexto, seriam criadas oportunidades de investimentos e geração de emprego e renda.   
Será que essa é melhor forma de politica esportiva? Será que esse grande montante de dinheiro não poderia ser investido em dezenas de complexos esportivos, de menor porte, ligados as escolas públicas, estimulando os jovens a praticarem diversas modalidades esportivas? 
Além de representar um alcance limitado para o desenvolvimento do esporte local, essa obra pontual promoverá uma diferenciação do espaço urbano, potencializando a atividade imobiliária em Jacaraípe. Inflacionando ainda mais os terrenos. Os impactos urbanos, os negativos, de tais empreendimentos devem ser colocados na pauta das discussões. Esses projetos são "empurrados" para a população sem nenhum diálogo efetivo.

Matéria completa no sitio da prefeitura da Serra:
Estado e Serra assinam convênio e ordem de serviço para construção de Arena Esportiva e Cultural com padrão internacional 20/10/2011 por Alexandro Xavier

 PMS
 
A Arena Cultural e Esportiva Jacaraípe poderá abrigar competições e delegações esportivas

O Governador Renato Casagrande e o Prefeito Sérgio Vidigal assinam nesta sexta-feira (21), às 19 horas, o convênio e a ordem de serviço para a construção da Arena Esportiva e Cultural Jacaraípe, no local do antigo Clube Riviera. O complexo de esportes e lazer terá um investimento de R$ 11,97 milhões. Do total, R$ 1,46 milhão é do Ministério do Esporte, via emenda parlamentar, e R$ 10 milhões serão repassados pelo Governo do Estado. A previsão é que a obra seja entregue em 540 dias. A solenidade será no local do antigo Clube Riviera.

A obra, de padrão internacional, terá quadra oficial para a prática de esportes em ambientes fechados e piso nos padrões dos ginásios dos times da NBA, a liga profissional de basquete dos EUA. O piso da quadra da Arena Esportiva e Cultura Jacaraípe será flexível, de poliuretano, composto de uma camada de borracha granulada, sem juntas ou emendas, com resinas autonivelantes. O material do piso reduz o impacto sobre as articulações dos atletas durante as quedas ou saltos, principalmente nos jogos de vôlei ou basquete, diminuindo o risco de contusões.

Matéria completa: http://www.serra.es.gov.br/portal_pms/ecp/noticia.do?evento=portlet&pAc=not&idConteudo=24457&acao=proc&pIdPlc=&app=

Postado por Thalismar

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BBB como estratégia de combate a criminalidade

“(...) Na realidade os discursos repressivos (...) com a aprovação de instrumentos de penalização é uma espécie de cortina de fumaça e faz aumentar a naturalização dos controles sociais cruzados e diversos.”(ZANOTELLI et all, 2011)

Nos últimos dias a prefeitura da Serra anunciou a expansão de sua rede de monitoramento para mais 19 bairros do município.  Atualmente, o número de câmeras ultrapassa uma centena. O que se observa é a rápida expansão das câmeras no município. Esse processo de controle do cidadão tem se mostrado uma estratégia privilegiada da PMS no combate a criminalidade. Notícias recentes apontam a redução quantitativa de infrações nos bairros monitorados, evidenciando, para a opinião pública, que a aposta nas câmeras foi um “tiro” certeiro, perdoe-me o trocadilho.
A criminalidade é um tema complexo. Certamente o monitoramente em determinadas áreas da cidade, provocaram, de imediato, uma redução das infrações. Esse controle do espaço pelas câmeras provocará constrangimentos de determinadas práticas, como as ilícitas. No entanto, não podemos reduzir uma política de segurança pública a uma espécie de BBB.
Por um lado, práticas como o monitoramento nos bairros considerados mais violentos expressam uma ação de controle direto do Estado sobre a população da periferia. Por outro, a instalação de câmeras na cidade estimula o mercado da segurança, que tende a se expandir cada vez mais, na medida em que o medo e a insegurança se espalham, em grande parte estimulada pelas matérias sensacionalistas da mídia.
As diferentes expressões da violência urbana são frutos de um processo de urbanização excludente, típicos de países como o Brasil. As taxas de violências crescem na medida em que a desigualdade e exclusão se acirram. A política das câmeras expressa a ideia de que a violência está no outro, é culpa do outro. Na verdade a violência urbana é expressão de nossa sociedade, porém, as maiores vítimas tem idade, cor, classe social e local de moradia: jovem, negro ou pardo, pobre e morador da periferia (ZANOTELLI et  all, 2011).

Algumas matérias:

Sugestão de leitura: ZANOTELLI et all. Atlas da criminalidade no Espírito Santo. São Paulo: Annablume, 2011.
Postado por Thalismar Gonçalves